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Escalonamento da dose de radioterapia no sarcoma de Ewing irressecável: resultados finais de um estudo controlado randomizado fase 3

O tratamento do sarcoma de Ewing (SE) envolve a indução com quimioterapia, seguida do tratamento local com cirurgia e/ou radioterapia e posterior quimioterapia de consolidação. A radioterapia definitiva é indicada nos casos irressecáveis com dose entre 45 e 60 Gy com taxa de recidiva local próxima de 30%.

Este estudo fase 3 randomizado publicado no Red Journal teve como objetivo demonstrar a melhora no controle local com o escalonamento (aumento) da dose de radioterapia. Foram randomizados 95 pacientes, após a quimioterapia de indução, distribuídos com taxa 1:1 entre realizar o tratamento padrão com dose de 55.8Gy em 31 frações ou acrescentar um boost de 14.4Gy em 8 frações (totalizando 70.2Gy) no volume pós quimioterapia de indução (braço experimental).

Com um follow-up de 67 meses o controle local (CL) foi estatisticamente superior para o braço experimental (76,4% e 49,4% p=0.02). A sobrevida livre de doença (SLD) não alcançou significância estatística (31.8% e 46,7% p = 0.22) e a sobrevida global (SG) significância limítrofe (58.8% e 45.4% p= 0.08).

A toxicidade aguda cutânea grau 2 foi maior no braço de dose escalonada (10.4% e 2.1% p =0.08), sem diferença em relação às demais toxicidades agudas e as toxicidades tardias.

Com o objetivo inicial de randomizar um total de 150 pacientes, o estudo foi encerrado precocemente devido ao baixo recrutamento, o que pode impedir conclusões robustas sobre o efeito do melhor CL na SLD e SG, sendo esse o principal ponto fraco do estudo.

Dessa forma, o estudo conclui que o escalonamento de dose para 70.2Gy deve ser considerado para os casos de SE irressecáveis.

Confira o estudo completo em https://www.redjournal.org/article/S0360-3016(22)00337-6/pdf

 

Erick Rauber
Médico radio-oncologista do Centro de Tratamento em Radio-oncologia
Ribeirão Preto – SP

ECR

RT 2030