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Descalonamento do tratamento axilar após terapia sistêmica neoadjuvante em câncer de mama com linfonodo clinicamente positivo (cN+)

O protocolo MARI é um estudo holandês, retrospectivo, que avaliou o intervalo livre de recorrência axilar (ILRA) em 3 anos em pacientes com câncer de mama EC II-III cN+ (confirmados patologicamente) após tratamento neoadjuvante e que realizaram a ‘Marcação de linfonodos axilares com sementes de iodo radioativo’ (MARI).

O maior linfonodo axilar positivo foi marcado com semente de iodo, com uma taxa de falso-negativo de 7%. O protocolo combinou o resultado do MARI (ypMARI-neg ou ypMARIpos) com um PET-CT pré-tratamento para determinar a quantidade de linfonodos axilares hiper metabólicos (cN < 4 ou cN ≥4).

Das 272 mulheres incluídas, 21 % das pacientes foram estadiadas como cN<4 e ypMARIneg e não receberam tratamento axilar adicional, 59% das pacientes como cN < 4, ypMARI-pos ou cN ≥ 4, ypMARI-neg e receberam Radioterapia (RT) axilar e 20% delas como cN ≥4 e ypMARI-pos e receberam esvaziamento axilar (EA) + RT.

O linfonodo foi negativo em 56 das 174 pacientes com cN<4 e 43 de 98 pacientes cN≥4.

O follow‑up foi de 3 anos. 5 pacientes (1 que não recebeu tratamento adicional e 4 que fizeram RT) tiveram metástases axilares.

Limitações do protocolo: o uso de sementes de iodo radioativo, disponibilidade do PET-CT, estudo retrospectivo e de centro único.

A redução do tratamento axilar preveniu o EA em 80% das pacientes cN+, com um excelente ILRA em 3 anos de 98%. Podemos concluir que o protocolo MARI pode ser considerado um método adequado para descalonar o tratamento axilar em pacientes selecionados, no entanto, é necessário um follow‑up mais longo para avaliar esses resultados em 5 e 10 anos.

Artigo disponível em: https://doi.org/10.1007/s10549-022-06545-z

Dra. Hebe Mendes
Médica Radio-oncologista
Radiar e Radiocare – Grupo Oncoclínicas

ECR

RT 2030