Clube de Revista Paliativo

Radioterapia Ablativa Estereotáxica para Oligoprogressão com ou sem troca de tratamento sistêmico

A Doença Oligometastática (DOM) representa um estágio do paciente oncológico, caracterizado por um número limitado de lesões metastáticas que podem ser tratadas por terapias locais. Neste cenário clínico, a Radioterapia Ablativa Estereotáxica (RAE) revela sua importância pela capacidade de entregar doses ablativas altamente conformadas aos tumores metastáticos, com bom perfil de segurança. Porém, o balanço entre RAE e as terapias sistêmicas ainda é uma questão em debate, principalmente no ponto que tange a troca da terapia sistêmica vigente.

Este estudo retrospectivo conduzido no Hospital Universitário de Zurique, acessou informações de pacientes tratados com RAE para DOM de-novo ou recorrente, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2019. Limitou-se a cinco o número de metástases extracranianas tratadas, e foram excluídos os regimes de tratamentos paliativos não-ablativos. Os pacientes foram divididos em dois grupos: aqueles que mantiveram o tratamento sistêmico vigente por pelo menos um mês após a progressão, e os que tiveram seu esquema modificado em até um mês. A decisão pela troca, ou não, se deu em reunião multidisciplinar.

Foram selecionados 135 pacientes, cujo sítio primário mais frequente foi o pulmão (n=46). 96 pacientes mantiveram o tratamento sistêmico corrente, e 39 descontinuaram. Dos que modificaram, 28 pausaram ou interromperam, e 11 iniciaram uma nova terapia.  Com um seguimento mediano de 27,2 meses, os dois grupos apresentaram Sobrevida Global (32.1 vs. 38.2 meses, p = 0.47) e Sobrevida Livre de Progressão (4.3 vs. 3.4 months, p = 0.6) semelhantes. O intervalo para nova terapia sistêmica também foi comparável entre os grupos (p=0.6). Em análise multivariada, performance status ECOG 2 relacionou-se a pior prognóstico, e DOM de-novo apresentou melhor prognóstico sem uma nova terapia sistêmica.

Os desfechos oncológicos demonstrados no estudo apontam para a possibilidade de postergar novas linhas de tratamento sistêmico em pacientes com oligoprogressão tratados com RAE, em casos selecionados. Porém, deve-se ter cautela visto as limitações do estudo e também as diferenças de resultados entre os diferentes sítios de acometimento.


Dr. Gabriel Correa da Costa

Hospital do Câncer de Dourados

Rede Amo – Oncologia CASSEMS

@dr.gabrieldacosta

ECR

RT 2030