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Resultado clínico após tratamento neoadjuvante total (CAO/ARO/AIO-1 2) versus tratamento neoadjuvante e adjuvante intensificado (CAO/ARO/AIO-04) no câncer de reto avançado

Estudos publicados recentemente ratificam o benefício da estratégia de Terapia Neoadjuvante Total (TNT) no manejo do câncer de reto, aumentando a taxa de regressão tumoral local. Entretanto, seus benefícios de sobrevida em comparação com a quimiorradioterapia (QRT) intensificada seguida de quimioterapia adjuvante (QT) permanecem incertos.

Devido a isto, o artigo em questão realizou uma análise comparativa dos estudos CAO/ARO/AIO-04 e CAO/ARO/AIO-12. No antigo estudo CAO/ARO/AIO-04, a adição de oxaliplatina à QRT pré-operatória baseada em 5-FU seguida de quimioterapia adjuvante resultou em uma melhora significativa do desfecho primário de Sobrevida livre de doença (SLD). No estudo CAO/ARO/AIO-12 subsequente, a QRT seguida de QT de consolidação e excisão total do mesorreto (TME) resultou em uma taxa aumentada de resposta patológica completa (pCR) sem melhora dos resultados oncológicos de longo prazo em comparação com o estudo anterior.

Foram incluídos 607 pacientes do braço experimental do estudo CAO/ARO/AIO-04, que foram tratados com QRT neoadjuvante intensificada, cirurgia TME mais QT adjuvante e 306 pacientes tratados no estudo CAO/ARO /AIO-12 que comparou duas sequências de tratamento neoadjuvante total (TNT).

O estudo observou que os pacientes tratados com TNT tiveram uma taxa significativamente maior de resposta patológica completa (pCR) em comparação com os pacientes tratados no braço experimental do estudo de manejo neoadjuvante e adjuvante intenso (25,3% vs 17,3%, P=0,04). As complicações pós-cirúrgicas foram menos comuns no estudo de neoadjuvância total. Na análise multivariada, a sobrevida livre de doença (SLD) foi semelhante entre os braços dos estudos (vs braço A: HR 0,92 [95% CI 0,62-1,37], P=0,69; vs braço B: HR 1,06 [95% CI 0,72-1,58], P=0,76).

Assim, pode-se concluir que os desfechos de sobrevida do TNT não são superiores ao tratamento neoadjuvante seguido de adjuvância intensa no manejo do câncer de reto avançado. Entretanto, a taxa de resposta completa após TNT oferece uma interessante possibilidade de preservação de órgão em pacientes selecionados neste cenário.

Artigo disponível no link:  https://www.thegreenjournal.com/article/S0167-8140(22)04607-2/fulltext

 Dra.Camila de Oliveira Rodrigues
Rádio-oncologista
Hospital Porto Dias-Rede Materdei e Hospital Ophir Loyola

ECR

RT 2030