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Associação de dose em artéria coronária descendente anterior esquerda (LAD) com mortalidade por todas as causas no estudo RTOG 0617

O volume de artéria coronariana anterior descendente (LAD) que recebe dose ≥ 15Gy (V15Gy ≥10%), foi observado recentemente como um fator de risco independente para eventos cardíacos adversos e mortalidade por todas as causas em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células, tratados com Radioterapia. Contudo, este constraint ainda não havia sido validado com dados independentes e prospectivos. Neste estudo, foi investigado se o constraint de V15Gy para LAD foi associado a alteração de sobrevida nos pacientes avaliados pelo NRG Oncology/RTOG 0617.

A LAD foi manualmente contornada em cada caso dos pacientes do estudo RTOG 0617, por um único radio-oncologista. A análise multivariada foi feita, ajustando por fatores prognósticos conhecidos. Para a avaliação do risco cardiovascular basal, apenas idade, sexo e histórico de tabagismo foram avaliados.

Dados de dose-volume da LAD e de desfechos clínicos de 449 pacientes foram analisados. A idade mediana foi de 54 anos. O V15Gy mediano foi de 38%, incluindo 94 (21%) pacientes com V15Gy <10% e 355 (79%) com LAD V15Gy ≥ 10%. Ajustado para fatores prognósticos, LAD V15Gy ≥ 10% versus < 10% foi associado com aumento do risco de mortalidade por todas as causas (HR 1,43; 95% IC, 1.02-1.99; p=0.037. A sobrevida global (SG) mediana para pacientes com V15Gy ≥ 10% versus < 10% foi de 20.2 versus 25.1 meses, respectivamente, com SG em 2 anos de 47% versus 67% (p= .004), respectivamente.

Conclui-se, portanto, que, V15Gy ≥ 10% em LAD, foi associado a aumento do risco de mortalidade por todas as causas em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células avançado, com 20% de aumento absoluto na SG em 2 anos com LAD V15Gy < 10% versus ≥ 10%, validando este constraint. Estes dados apontam para a importância da implementação de constraints para subestruturas cardíacas em guidelines nacionais e ensaios clínicos, para mitigar o excesso de risco cardíaco imposto pelas terapias anticâncer e identificar pacientes para os quais um seguimento mais intensivo e maior redução do risco cardíaco são necessários.

Dra. Izabela Lourenço Silva Fernandes
Radio-Oncologista da Oncoclínicas Uberlândia/ MG
@draizabelalourenco


ECR

RT 2030