Clube de Revista Oligometástases

Radioterapia corporal estereotáxica para Oligometástases Pulmonares: Revisão Sistemática e Diretrizes da Sociedade Internacional da Radiocirurgia Estereotáxica

A doença oligometastática (OM) é definida pela presença de um número limitado (3-5) de metástases detectadas por exames de imagem. Para inúmeros tumores sólidos, o pulmão é o sítio mais comum de se encontrar metástases. Estudos recentes apontam que adicionar terapia local definitiva com Radioterapia Estereotáxica Corpórea (SBRT) demonstrou benefício em sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG). Com base em uma revisão sistemática, a International Stereotactic Radiosurgery Society (ISRS), desenvolveu um guia prático de recomendações para estadiamento, seleção de pacientes, tratamento das OM pulmonares com SBRT e seguimento pós-tratamento.

Usando os critérios Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA), autores de 8 centros internacionais da Europa, América do Norte e Ásia, realizaram uma revisão sistemática de 35 artigos selecionados da base de dados MEDLINE (PubMed) e Embase publicados em inglês de 2012 até julho de 2022. Os desfechos primários foram segurança (toxicidades agudas e tardias grau ≥3 de acordo com o CTCAE ou RTOG) e eficácia (controle local em 1 e 5 anos). Foram analisados fatores prognósticos como: tamanho da lesão, localização central ou periférica, histologia do tumor primário, Dose Biologicamente Eficaz SBRT (BED; usando uma proporção alfa-beta de 10 Gy), fracionamento do SBRT, estado metastático à SBRT (por exemplo, doença síncrona ou metacrônica, estado primário) e terapia sistêmica foram analisados.

Dos estudos incluídos, cinco foram randomizados, três prospectivos e vinte e sete retrospectivos. No total, foram relatados 3.643 pacientes e 4.672 metástases irradiadas. O número de metástases por paciente variou de uma a sete. Os estudos que relataram a localização da lesão (37%) mostraram que 621 lesões estavam localizadas centralmente e 936 perifericamente. O tumor primário foi diagnosticado exclusivamente como câncer de pulmão de células não pequenas em 336 pacientes, câncer colorretal em 363 pacientes e sarcoma em 111 pacientes.

A dose de SBRT variou entre 18 Gy a 75 Gy aplicadas em 1 a 15 frações, com BEDméd = 100Gy10. A mediana para metástases localizadas perifericamente foi 116 Gy, enquanto para metástases localizadas centralmente foi 100 Gy. As técnicas utilizadas para definição dos volumes alvo e entrega de dose variaram entre os estudos. Quando um acelerador linear foi utilizado no tratamento, o planejamento foi realizado com uma Tomografia Computadorizada 4D. Seis estudos relataram tratamento com CyberKnife.

O controle local em 1 e 5 anos foi 90% e 79%, respectivamente. As taxas de toxicidade grau ≥3 foram 0,5% (agudas) e 1,8% (tardias) sendo a pneumonite e a fibrose pulmonar as mais comumente relatadas. Os fatores prognósticos que mais impactaram em controle local, sobrevida global, sobrevida livre de progressão e câncer específica, foram o número e tamanho das lesões, localização central ou periférica, tumor primário, BED, fracionamento, status metastático (síncrono ou metacrônico) e terapia sistêmica.

Com base nestes resultados, foi criado um total de 21 recomendações práticas com taxas de concordância de 100% para todas as recomendações, exceto para a recomendação 13 (83%).

O artigo pode ser acessado no link: https://www.lungcancerjournal.info/article/S0169-5002(23)00822-X/fulltext

Henrique Hott Fernandes
Radio-oncologista / Responsável Técnico
Hospital de Nossa Senhora das Dores – Ponte Nova/MG

ECR

RT 2030