Científicas Clube de Revista Mama

Hipofracionamento versus fracionamento convencional para câncer de mama triplo negativo: eficácia comparativa em uma grande coorte observacional

Sabe-se que o hipofracionamento moderado em mama, além de mais rápido, é menos oneroso. Em 3 semanas (40-42,5 Gy em 15-16 frações), entrega-se a dose terapêutica que costumávamos fazer em 5 semanas com o fracionamento convencional (50-50,4 Gy em 25-28 frações). Ensaios randomizados (Canadá e Reino Unido) já deixaram bem estabelecidos a eficácia e segurança do uso do hipofracionamento em estadios iniciais. No entanto, seria possível extrapolarmos esse dado para histologias mais agressivas como triplo negativo? Esse é um questionamento frequente em nossa prática. O presente estudo, por sua vez, após análise de um banco de dados prospectivos e multicêntrico, busca responder alguns desses pontos. Nele, comparou-se 538 pacientes com câncer de mama invasivo triplo negativo e linfonodo negativo, as quais tinham indicação de radioterapia de toda a mama – sem drenagens (307 usaram fracionamento convencional e 231 hipofracionamento moderado). Após 5 anos de seguimento, observou-se que não houve diferença estatística significativa quando avaliadas as variantes: ausência de recorrência local 93,6% x 94,4% (p = 0,89); sobrevida livre de recorrência 87,8% x 88,4% (p = 0,95) e sobrevida global 96,6% x 93,4% (p = 0,28). Sendo assim, o uso do hipofracionamento em histologias agressivas também é seguro. O racional para esse dado seria o conceito de BED entregue, o qual é semelhante entre os grupos avaliados. Apesar dos resultados apresentados, a ASTRO ainda enfatiza que há limitações nas evidências atuais, favorecendo novos estudos.

Disponível em https://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2021.10.012

Dra. Gabriella Chagas
CLINRADI – Aracaju

 

ECR

RT 2030