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Efeito da irradiação eletiva da cadeia mamária interna na sobrevivência livre de doenças em mulheres com câncer de mama linfonodo positivo

A eficácia da irradiação da cadeia mamária interna (MI) é controversa, em especial nas pacientes com tumores mediais ou com linfonodos axilares positivos, já que a chance de envolvimento microscópico é grande. A hesitação em realizar esse tratamento decorre da baixa incidência de recorrência na cadeia mamária interna, maior toxicidade actínica cardíaca e pulmonar e os avanços da terapia sistêmica que aumentaram o controle local.

Estudo prospectivo e multicêntrico de fase 3 conduzido na Coréia do Sul randomizou 735 pacientes entre os anos 2008 e 2020, com diagnóstico patológico de doença N+ em axila com ao menos 8 linfonodos dissecados (excluindo casos de QT neoadjuvante, câncer de mama bilateral e/ou N+ em FSC ou MI) em dois grupos: 1 – RT 3D 50-50.4Gy parede torácica/mama e FSC (373 pacientes) vs 2 – RT 3D parede torácica/mama e FSC + MI (362 pacientes). Pareadas por tipo de cirurgia (mastectomia/cirurgia conservadora) e estádio N, o end-point primário foi sobrevida livre de doença (DFS) em 7 anos e os secundários foram sobrevida global (SG), sobrevida câncer-específica (CSS), recorrência local (LR), recorrência regional (RR), sobrevida livre de metástase à distância (DMFS) e efeitos colaterais agudos e tardios. Com follow-up mediano de 100.4 meses, não houve diferença estatística em nenhum dos parâmetros avaliados, incluindo toxicidades agudas e tardias. Todavia, em uma análise não programada do subgrupo de tumores localizados em região centro medial, a RT em MI melhorou a DFS, CSS e DMFS com significância estatística (81.6% vs 91.8% – p=0.008; 10.2% vs 4.9% – p=0.04; e 82.3% vs 91.8% – p=0.01, respectivamente). Devido ao fato de não ser uma análise pré-planejada, os resultados devem ser interpretados com cautela, porém, gerando a hipótese de melhor controle nos tumores centro mediais a ser avaliada em estudos com desenho estatístico adequado no futuro.

 

Dr. Fábio Ribeiro Fulanetto
RT do Serviço de Radioterapia HUSF – Bragança Paulista
Radio-Oncologista Assistente HC – Unicamp

 

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RT 2030