Clube de Revista Genito-urinário

Impacto da expressão de PD-L1 no prognóstico de pacientes com carcinoma urotelial músculo-invasivo submetidos a radioterapia

Trata-se de um estudo retrospectivo realizado em uma única instituição para avaliar o valor preditivo da expressão de PD-L1 em pacientes com carcinoma urotelial vesical músculo-invasivo tratados com radioterapia.

De um total de 104 pacientes em estadio cT2-3N0-2M0, 90% foram submetida a ressecção transuretral tumoral macroscópica máxima seguida de quimioterapia e radioterapia concomitantes. A dose de RxT Mediana foi de 50 Gy em 20 fr. (para Bexiga somente ou toda a Pelve) associada ao uso de Gencitabina semanal (agente mais utilizado). Os pacientes foram seguidos com biópsia e citologia urinária após o tratamento.

O PD-L1 é uma proteína associada à regulação de resposta imune e é normalmente expressa em células imunes ativadas. Células neoplásicas podem expressar a proteína como mecanismo de resistência imune adaptativa visando atenuar a resposta imunológica antitumoral; assim, o bloqueio seletivo PD1/PD-L1 configura estratégia terapêutica que reativa a morte de células neoplásicas mediada por células T.

Para pesquisa da proteína os blocos histológicos dos pacientes foram recuperados, preparados pela técnica de TMA e submetidos à pesquisa de PD-L1 1 (Clone: SP263, 1:100; Roche Diagnostics) por imuno-histoquímica. A leitura das lâminas foi feita utilizando o escore H definido em relação ao percentual de células tumorais e imunológicas positivas para PD-L1 conforme a intensidade da reação.

Dos 104 pacientes, 68 (65%) tiveram resposta completa após radioterapia (biópsia negativa em 3 meses ou citologia negativa com cistoscopia normal); 54,8% foram a óbito até o final da revisão. Em relação à pesquisa de PD-L1, a expressão foi positiva, em média, em 10,5% das células tumorais (1-59%) e em 8,5% (4-16%) das células imunes, sendo que um maior escore de PD-L1 nas células imunes foi considerado preditor independente de resposta completa pós radioterapia; não houve significância em relação à expressão de PD-L1 pelas células neoplásicas. Quando analisada a expressão de PD-L1 nas células neoplásicas observou-se que, dentre os pacientes com alto escore de PD-L1 em células imunes e baixo escore de PD-L1 nas células tumorais, não houve nenhum óbito até o final do estudo. Há vários artigos na literatura avaliando a expressão de PD-L1 em células imunes e tumorais no carcinoma urotelial invasor; os estudos que avaliaram a expressão de PD-L1 nas células tumorais demonstraram que um escore elevado estava associado com pior prognóstico. Já os estudos que avaliaram também a expressão pelas células imunes também demonstraram melhor prognóstico nos casos com expressão aumentada pelas células imunes.

O presente estudo tem algumas limitações por ser retrospectivo e com avaliação limitada de PD-L1 pela utilização de um único clone de anticorpo e menor volume de tecido analisado. Alguns pacientes, ainda, foram tratados com BCG previamente, o que pode levar a alterações nas células imunes. Apesar das limitações, o estudo demonstra que a expressão de PD-L1 em células imunes associadas a carcinoma urotelial músculo invasor pode ajudar a prever uma resposta à radioterapia.

 

Dra. Regina de Paula Xavier Gomes
Patologia Urológica
CPD- Centro de Patologia Diagnostica- Ltda

Dra. Paula Régia M. Soares
Radioterapia- Oncoville- IOP
Curitiba- PR

ECR

RT 2030