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Capacidade nacional de braquiterapia de alta taxa de dose (HDR) no tratamento do câncer do colo do útero: um estudo de caso – Brasil

Garantir o acesso ideal à braquiterapia (BCT) e à radioterapia externa (EBRT) é um desafio para muitos países. Considerando que BCT e EBRT são necessárias para tratar de modo adequado as pacientes com tumores do colo uterino, avaliamos a capacidade de BCT no Brasil e sua relação com o acesso a EBRT.

Métodos e Materiais

Utilizando fontes oficiais os números de equipamentos de BCT, de aceleradores lineares (LINACs) e a distribuição geográfica dos casos de câncer do colo do útero no Brasil foram avaliados. Análises por estados e regiões, bem como o aumento na capacidade nacional de BCT entre 2001 e 2021 também foram realizadas. Por fim, a relação LINACs /BCT no Brasil foi comparada com a da Europa (dados AIEA).

Resultados

Oitenta e cinco por cento dos estados brasileiros possuem pelo menos 1 aparelho de BCT; nacionalmente, há 117 casos de câncer do colo do útero para RT por unidade de BCT. Considerando a referência de 200 casos de câncer do colo do útero por aparelho BCT por ano, há unidades BCT suficientes para atender os pacientes com tumor de colo uterino no Brasil como um todo e, também, nas suas regiões.

A relação entre o total de casos de câncer do colo do útero por unidade BCT diminuiu substancialmente ao longo do tempo de 142 em 2013 para 117 em 2021 (P < 0,0001). Nacionalmente, existem 252 unidades LINAC na rede pública com uma razão de 1.985 casos novos de câncer/LINAC. As regiões brasileiras têm carência de LINAC variando de 15 a 141 unidades. Havia 2,55 LINACs por unidade BCT no Brasil, em comparação com 3,25 na Europa (P = 0,012).

Conclusões

Ao longo de 20 anos, a capacidade de BCT no Brasil aumentou para atender a demanda por câncer do colo do útero. No entanto, a escassez de LINAC persistiu ao longo das décadas, afetando o acesso ao tratamento completo e possivelmente os resultados oncológicos. Esses dados podem ajudar a organizar o fluxo de tratamento do paciente, evitar atrasos no tratamento e melhorar a sobrevida.

O artigo está disponível para acesso no link abaixo: https://authors.elsevier.com/c/1ffwL1Hx52CH7X


Dr. André Gouveia
Américas Centro de Oncologia Integrado, Rio de Janeiro – RJ

ECR

RT 2030