Clube de Revista Genito-urinário

Falha Loco-Regional após radioterapia Short-Course seguido de quimioterapia em comparação a radioquimioterapia concomitantes – análise de 5 anos do rápido trial.

O tratamento multimodal sabidamente reduz a falha locorregional [FLR] no câncer de reto e o Total Neoadjuvant Treatment [TNT] visa, além de manter o controle local, aumentar a resposta sistêmica.

A presente publicação é uma atualização de 5 anos do RAPIDO trial, que com seguimento de 3 anos evidenciava uma FLR equivalente entre os grupos, além de menor incidência de metástase à distância e maior taxa de resposta patológica completa no grupo experimental. Contudo, com 5,6 anos de seguimento os resultados mostraram maior FLR, o que fez emergir uma série de questionamentos.

Foram randomizados 920 pacientes entre o grupo experimental (EXP, short-course = 5x5Gy seguidos por 6 ciclos de Capox ou 9 ciclos de Folfox, com cirurgia após 2-4 semanas) e o grupo “Standard” (STD, long-course = 25-28 x 1,8-2Gy concomitantes à capecitabina, com cirurgia após 6-10 semanas e quimioterapia adjuvante opcional). A FLR foi definida como precoce {sem cirurgia [exceto para preservação de órgão] / após ressecção R2} e como recorrência locorregional [RLR] {após ressecção R0/R1}.

Em um seguimento mediano de 5,6 anos, a FLR foi de 12% no grupo EXP e de 8% no grupo STD, onde foi mais frequente o uso de planejamento 3D (p=0.07). No grupo EXP ocorreram mais RLR [10% vs 6%] (p=0.027), sendo o mesorreto acometido mais frequentemente [21% vs 4%] (p=0.048). No grupo EXP, linfonodomegalia lateral, margem circunferencial acometida, depósitos tumorais no mesorreto e acometimento nodal foram significativos para desenvolver RLR. As regiões de RLR foram semelhantes entre os grupos, bem como a sobrevida global após FLR [hazard ratio: 0.76 (95% CI, 0.46-1.26); P =0.29].

Assim, os autores reafirmaram que o grupo EXP apresenta menor incidência de metástase à distância e maior taxa de resposta patológica completa, mas no seguimento mediano de 5,6 anos foi observado maior risco de RLR. A diferença de acometimento do mesorreto, a grande variação no tempo de tratamento neoadjuvante, bem como diferenças na técnica de Radioterapia empregada em cada grupo, foram apontadas como possíveis causas para o aumento da RLR no grupo EXP, mas esses questionamentos permanecerem sem resposta. Considerou-se, então, mandatório um refinamento adicional do TNT no manejo dos pacientes com carcinoma de reto.

ECR

RT 2030