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SBRT para câncer de próstata aumenta a ocorrência de toxidades? Uma análise aos 24 meses de follow-up (PACE-B)

Nos últimos anos, a maior compreensão sobre a radiobiologia dos tumores, bem como a evolução tecnológica, permitiu a elaboração de novos protocolos de tratamento, reduzindo-se os números de frações, enquanto se aumenta a dose por fração. Atualmente, o termo “convencional” em relação ao número de frações tende a ser revisto, uma vez que já é provada similaridade de resultados com tratamentos em 20 frações em comparação a fracionamentos mais protraídos. Com essa comprovação, surgem novos questionamentos até onde há benefícios e riscos ao continuar a redução do número das frações e o aumento da dose/dia.

Nesse contexto, o estudo PACE-B se faz de grande importância, uma vez que se propõem a estudar a similaridade de controle bioquímico (end-point primário) e a toxicidade do tratamento estereotáxico ablativo (SBRT) versus os fracionamentos ditos convencionais (end-point secundário), nos pacientes com carcinoma de próstata de risco baixo ou intermediário.

Recentemente foram reportados os resultados da análise de 24 meses dos efeitos adversos, classificados conforme RTOG, na comparação entre os braços.

Seguem os dados:

Dos 874 homens, maiores de 18 anos, performance WHO 0-2, com diagnóstico de carcinoma de próstata de risco baixo ou intermediário (excluindo-se Gleason 7 4+3), alocados, entre ago/2012 e jan/2018, na proporção de 1:1 entre os braços “convencional (CRT)” versus SBRT, foram analisados os dados de 430 pacientes do grupo CRT e de 414 pacientes do grupo SBRT.

A ocorrência de efeitos adversos genitourinários grau 2 ou pior, aos 24 meses após a radioterapia, no grupo CRT foi de 2% (8 entre 381 pacientes) e no grupo SBRT foi de 3% (13 entre 384 pacientes). Uma diferença absoluta de 1.3% (95% IC – 1.3 a 4.0, p=0.39).

A ocorrência de efeitos adversos gastrointestinais grau 2 ou pior, aos 24 meses após a radioterapia, no grupo CRT foi de 3% (11 entre 382 pacientes) e no grupo SBRT foi de 2% (6 entre 384 pacientes). Uma diferença absoluta de 1.3% negativos (95% IC – 3.9 a 1.1, p=0.32).

Não houve relato de efeitos adversos graves (RTOG ≥ 4) ou mortes relacionadas ao tratamento.

Esses dados promissores evidenciam a segurança do tratamento estereotáxico ablativo para o adenocarcinoma de próstata de risco baixo e intermediário, uma vez que demonstram a ausência de diferença estatística entre as modalidades de tratamento, quando respeitados os usos de setup adequado e alta tecnologia.

Ficamos ansiosos para a divulgação dos dados de controle bioquímico, o end-point primário.


Dr. Bernardo Pinatti
Radio-oncologista do Grupo Oncoclinicas – RJ

ECR

RT 2030