Clube de Revista Mama

Radioterapia em inspiração profunda: benefícios dosimétricos para resuzir dose cardíaca em pacientes com câncer de mama que realizam radioterapia adjuvante

A radioterapia (RT) adjuvante é o tratamento padrão para a maioria das pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Avanços significativos ocorreram na RT com o objetivo de diminuir os efeitos colaterais relacionados ao tratamento. Apesar disto, porções do coração ainda podem receber doses maiores que as recomendadas, principalmente quando a mama esquerda é irradiada. Isso pode significar um aumento do risco de mortalidade cardíaca em pacientes que receberam RT da mama esquerda em comparação à mama direita. A RT em inspiração profunda (RTIP) reduz o volume cardíaco irradiado em comparação ao tratamento em respiração livre (RL), podendo reduzir significativamente a dose média (Dméd) cardíaca no tratamento da mama esquerda.

Este estudo de coorte retrospectivo avaliou o impacto dosimétrico no coração e artéria coronária descendente anterior esquerda (ACDAE) em dois tipos de planejamentos de RT de mama esquerda: em RL e em apneia após inspiração profunda (IP).

Foram incluídas 68 mulheres com diagnóstico de neoplasia de mama esquerda, após o tratamento cirúrgico, com indicação de RT adjuvante, replanejadas com hipofracionamento (15 frações diárias de 2,67Gy) em RL e RTIP no período de 2015 a 2019.

Para a cobertura de dose do volume alvo planejado (PTV) não houve diferença significativa entre os planejamentos de IP versus RL. Para os parâmetros do coração e ACDAE, todos os constraints avaliados tiveram significância estatística a favor do planejamento em IP. A mediana para os seguintes parâmetros do coração: V16,8Gy, na RL foi de 2,56% versus 0% na IP (p<0,001); V8,8Gy, na RL foi de 3,47% versus 0% na IP (p<0,001); Dméd no coração, na RL foi de 1,97Gy versus 0,92Gy na IP (p < 0,001). A mediana para a ACDAE: D2%, na RL foi de 34,87Gy versus 5,8Gy na IP (p<0,001); V16,8Gy, na RL foi de 15,87% versus 0% na IP (p<0,001); Dméd, na RL foi de 8,13Gy versus 2,92Gy na IP (p<0,001).

Assim, a técnica de RTIP demonstrou uma redução significativa da dose cardíaca e na ACDAE em todos os constraints avaliados, mantendo a cobertura de dose efetiva no PTV.

Link para acesso ao artigo:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10348328/

 

Dra. Fabiana Degrande
Médica radio-oncologista
Hospital Santa Paula – SP (Dasa)

ECR

RT 2030