Clube de Revista Oligometástases

Radioterapia Ablativa Estereotática para oligoprogressão: resultados do estudo randomizado fase II – Stop Trial

Diversos estudos randomizados já demonstraram benefícios oncológicos significativos, incluindo aumento na Sobrevida Global (SG), com o uso da Radioterapia Ablativa Estereotática (SABR) em pacientes oligometastáticos com diferentes neoplasias sólidas. Este estudo, recentemente publicado no Red Journal, busca responder se a aplicação de radioterapia em pacientes com oligoprogressão pode oferecer vantagens em termos de Sobrevida Livre de Progressão (SLP) ou SG.

Inicialmente focado no câncer de pulmão não pequenas células, o estudo foi posteriormente ampliado para incluir todas as neoplasias não hematológicas, a fim de atingir a meta de recrutamento. O objetivo principal foi avaliar se pacientes com até cinco locais de oligoprogressão se beneficiariam da adição de SABR ao tratamento sistêmico padrão (SOC). Foram incluídos pacientes com 1 a 5 metástases que apresentavam progressão durante o tratamento sistêmico. Após a estratificação pelo tipo de terapia sistêmica (citotóxica vs. não citotóxica), os pacientes foram randomizados na proporção de 1:2 para continuar apenas SOC ou para receber SABR em todas as lesões em progressão em adição a SOC. O desfecho primário foi SLP. Os desfechos secundários incluíram SG, controle local (CL), qualidade de vida, eventos adversos (EA) e a duração da terapia sistêmica pós-randomização.

Foram recrutados 90 pacientes com 127 metástases em oligoprogressão, em 8 instituições canadenses, sendo 59 randomizados para o grupo SABR e 31 para o grupo SOC. A idade média dos participantes foi 67 anos, 39 (43%) mulheres. Os sítios primários mais comuns foram pulmão (44%), sistema geniturinário (23%) e mama (13%). A adesão ao protocolo no grupo SOC foi subótima, com 11 pacientes (35%) recebendo terapias de dose ablativa, contrariando o protocolo do estudo, ou abandonando o estudo. O acompanhamento médio foi de 31 meses. Não houve diferença significativa em SLP entre os grupos, cuja mediana foi de 8,4 meses no grupo SABR vs. 4,3 meses no grupo SOC. Entretanto, as curvas se cruzaram e a SLP em 2 anos foi 9% vs. 24%, respectivamente (p=0,91). A mediana de SG foi 31,2 meses vs. 27,4 meses, respectivamente (p=0,22). O CL foi significativamente melhor no grupo SABR (70% vs. 38%, p=0,0015). Apenas 2 eventos adversos de grau 3 (3,4%) relacionados ao SABR foram registrados, sem ocorrências de eventos adversos de grau 4/5.

Em conclusão, a SABR foi bem tolerada e proporcionou um CL superior, mas não resultou em melhorias na SLP ou na SG. Os autores destacam que a dificuldade de recrutamento e a relutância dos pacientes em abandonar os tratamentos ablativos no grupo SOC podem ter influenciado os resultados.


Link de acesso ao artigo – https://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2024.08.031

Dr. Erick Rauber
Rádio-oncologista do Grupo Oncoclínicas / RJ
Diretor de Comunicação e marketing da SBRT

ECR

RT 2030