A radioterapia estereotática extracraniana (SBRT) é uma opção eficaz para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) estágio inicial e oligometastático.
Este estudo investigou uma coorte de pacientes tratados com SBRT para lesões pulmonares (primária e metastática), em uma coorte prospectiva, entre janeiro/2015 e dezembro/2019, todos tratados no Américas Oncologia, Rio de Janeiro. O desfecho primário do estudo foram as taxas de controle local. Desfechos secundários avaliados: sobrevida livre de progressão (PFS), sobrevida global (OS) e toxicidade.
Todos os pacientes incluídos com E I foram considerados inelegíveis para cirurgia ou recusaram o procedimento. Pacientes com múltiplas lesões foram excluídos da análise; os pacientes EIV foram aqueles com oligometástases pulmonares no momento do diagnóstico ou oligoprogressão após o tratamento inicial.
O seguimento foi realizado com TC trimestral no primeiro ano, semestral no segundo e anual a partir do terceiro.
Todos os pacientes foram planejados com ITV, através de TC 4D de planejamento e tratados usando terapia de arco modulado com um mínimo de dois semiarcos. As doses de SBRT foram escolhidas de acordo com a localização do tumor. Periféricos, centrais e ultracentrais foram tratados com ou 54 Gy/3 frações, 50 Gy/5 frações, e 60 Gy/8 frações ou 62 Gy/10 frações, respectivamente.
Entre 2015 e 2019, um total de 216 pacientes receberam SBRT e foram incluídos no estudo. O seguimento médio foi de 24,5 meses (5-70), CPNPC primário correspondeu a 70% (n = 151) e pulmão metastático 30% (n = 65), respectivamente. Estágio I CPNPC representou 56% (85 de 151) da coorte. Em 2 anos o controle local, OS e PFS foram 93,4%, 81,6% e 80,7%, respectivamente. Para lesões em estágio IV, se BED > 100Gy10 BED < 100Gy10, o controle local em 2 anos foi 95,8/86,4% (P = 0,03), OS em 2 anos foi de 81,6/60,5% (P = 0,006) e PFS em 2 anos foi de 38,9/17,9% (P = 0,10). Toxicidade tardia foi observada em 16,2% (n = 35) do total de casos, sendo metade delas em pacientes com tumores de localização ultracentral.
Os dados mais relevantes apresentados por este estudo são que os resultados de mundo real são similares aos publicados por grandes instituições anteriormente; oferecer doses com BED acima de 100 para tumores EIV, interfere não só no CL, mas também na SG desses pacientes; e apesar da maior toxicidade para tumores utracentrais, este artigo apresenta uma das maiores casuísticas deste tipo de localização, com toxicidades manejáveis.
Em conclusão, o estudo mostra que o SBRT pulmonar, aplicado para ambos os pacientes com CPNPC e oligometastáticos de primário não pulmonar é eficaz e fornece bons LC, OS com aceitável toxicidade.
Este é o maior estudo publicado sobre a aplicação do SBRT no estágio I e IV de pulmão na América Latina
Dra. Anne Karina Kiister Leon
Hospital Santa Rita de Cássia – HSRC
Instituto Radioterapia Vitória – IRV
Núcleo especializado em Oncologia – NEON