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Recomendações internacionais para reirradiação com IMRT de recidiva local de carcinoma de nasofaringe

Foi publicado online pelo Red Journal em fev/2021 um consenso para reirradiação com IMRT de carcinomas de nasofaringe. Nesses casos de recidiva local, a decisão entre a chance de resgate e o risco de toxicidade grave é um dilema. O risco/benefício da re-RT deve ser discutido e devem ser considerados idade, PS, comorbidades e preferência do paciente.

Metástases nodais e/ou à distância devem ser excluídas e detalhes do primeiro curso de RT devem ser revisados para definição de recidiva em região de perda de dose ou possível radio-resistência, além da revisão de dose nos órgãos de risco.

Cirurgia deve ser o tratamento de escolha em lesões ressecáveis e a experiência do cirurgião deve ser considerada; re-RT é recomendada em margem positiva ou exígua < 2mm.

Re-RT não é recomendada se: 1. o período entre os dois cursos de RT for de até 12 meses pela chance de ineficácia por possível radio-resistência, além do tempo inadequado para recuperação do tecido normal; 2. existir toxicidade tardia importante. O tamanho do tumor recidivado não é critério de exclusão.

Terapia sistêmica deve ser adicionada em lesões rT3-4N0 ou rT1-4N+, geralmente indução seguida por concomitância baseadas em cisplatina.

Para definição do rGTV é sempre recomendada fusão com MRI e/ou PET-CT. Para o rCTV deve-se fazer expansão de 5mm com edição das barreiras anatômicas e para o rPTV, expansão de 2-3mm com IGRT ou de acordo com a variação de set-up de cada instituição. Região nodal não deve ser tratada de forma eletiva. A dose pretendida é 60-66Gy e o fracionamento ideal é o BID 1.1-1.2 Gy/fr com intervalo ≥6 horas, apesar das dificuldades técnicas, devido a menor toxicidade. Se for adotado o fracionamento convencional, recomenda-se dose de 1.8-2 Gy/fr.

As prioridades no planejamento devem ser tronco, medula e trato óptico (de modo geral, essas estruturas podem receber dose cumulativa de 130% da dose de tolerância do primeiro curso de RT, sendo aceitável até 150%), bem como cobertura do rGTV (≥95%). Devido ao risco de ruptura de carótida, recomenda-se dose cumulativa segura ≤ 125Gy.

O guideline pode ser encontrado em https://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2021.01.041

Joaquim Lemes
Hospital de Amor – Jales/SP

ECR

RT 2030