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Carga global de câncer atribuível a fatores de risco – uma análise sistemática para o Estudo da Carga Global de Doenças (GBD study) 2019

O GBD study 2019 fornece estimativas de mortalidade, incidência, prevalência e anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) para 369 causas de morte/incapacidade e 87 fatores de risco, e grupos de fatores de risco em nível global e regional, para 204 países e territórios.

O risco atribuível de morte por câncer e DALYs aumentaram globalmente de 2010 a 2019, com fatores de risco metabólicos responsáveis pelo maior porcentual de aumento. Na análise, 44,4% (41.3-48.4) das mortes globais por câncer e 42% (39.1-45.6) dos DALYS por câncer foram atribuídos a fatores de risco.

Para os homens, o principal fator de risco em termos de DALYs por câncer, atribuíveis a fatores de risco foi o cigarro (33.9% de todos os DALYs por câncer em 2019). Uso de álcool (7,4%), fatores de risco relacionados à dieta (5,9%) e poluição do ar (4,4%) foram os fatores subsequentes mais importantes.

Para as mulheres, o cigarro também foi o principal fator de risco em termos de DALYs por câncer, correspondendo a 10.7%. Sexo não seguro foi o segundo fator mais importante (8.2% de todos os DALYs), seguidos por fatores de risco relacionados a dieta (5.1%), alto IMC(4.7%) e hiperglicemia(3.6%).

Para ambos os sexos, a primeira causa de morte por câncer atribuível a fatores de risco foi neoplasia de pulmão/traqueia/brônquios, seguido por neoplasia de cólon e reto / neoplasia de esôfago / neoplasia de estômago – em homens; e neoplasia de colo uterino / cólon e reto / neoplasia de mama – em mulheres.

Algumas limitações do estudo são inerentes às fontes de dados disponíveis. Atenção especial deve ser dada a qualidade da coleta de dados/registro de câncer para possibilitar a formulação correta de medidas de saúde pública.

O câncer é fundamentalmente ligado a fatores genéticos e envelhecimento e embora as ações de prevenção primária visando os fatores de risco sejam cruciais para a prevenção da doença, isso não eliminará a totalidade dos casos. Os países devem continuar a investir no controle do câncer com estratégias mais abrangentes e, além da redução dos fatores de risco, também investir em sistemas de saúde robustos, capazes de realizar diagnóstico precoce e oferecer tratamentos efetivos para os pacientes.

O artigo pode ser acessado no link: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(22)01438-6

Rafael Spíndola Camargo Silva
Médico Radioterapeuta – Hospital de Base do Distrito Federal e Hospital Regional de Taguatinga – DF

ECR

RT 2030