Os tumores neuroendócrinos pulmonares primários representam cerca de 1% a 2% de todos os casos de câncer de pulmão. O tratamento padrão para estágios iniciais é a cirurgia. A radioterapia convencional normalmente não é indicada devido a característica “radioresistente” desses tumores.
A SBRT (Radioterapia Esterotática Extracraniana) é uma opção eficaz para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células estágio inicial cujos resultados para controle local tem se mostrado satisfatórios com baixa toxicidade, sugerindo que SBRT também pode ser eficaz para tumores neuroendócrinos pulmonares.
A literatura carece de dados que avaliem controle local e toxicidade com SBRT no manejo desses tumores, sendo representados apenas por estudos pequenos retrospectivos.
Nesse estudo foi realizado uma análise retrospectiva multicêntrica de 48 tumores neuroendócrinos pulmonares de 46 pacientes tratados com SBRT entre 2006 e 2020, cujo endpoint primário foi controle local e sobrevida global. O follow-up médio foi de 30 meses com idade média dos pacientes de 70 anos. 94% dos pacientes apresentavam E I-II (AJCC 8°ed), com o tamanho tumoral médio que variou entre 0.6 e 6.0cm. Em 3 anos SBRT garantiu o controle local em 97% dos pacientes e 91% em 6-9 anos com boa tolerância e apenas um caso de toxicidade relacionada ao tratamento. A dose média entregue foi de 50Gy em 5fx.
Devido a raridade, é improvável a factibilidade de um estudo randomizado entre SBRT e cirurgia. Apesar disso a taxa de controle é comparável aos estudos com abordagem cirúrgica.
Mesmo diante de resultados animadores, é importante pontuar suas limitações uma vez que se trata de um estudo retrospectivo não randomizado, com amostragem pequena, dada a raridade dos casos, e um follow-up mais curto quando comparado aos estudos cirúrgicos.
O estudo atual é maior e primeira série multi-institucional que avaliou controle local, toxicidade e dados dosimétricos com SBRT para tumores pulmonares neuroendócrinos iniciais e os resultados sugerem que, apesar dos bons resultados com cirurgia, o uso de SBRT também pode ser considerado como opção para a população de pacientes que não sejam elegíveis para abordagem cirúrgica.
Disponível em: https://www.redjournal.org/article/S0360-3016(23)00071-8/fulltext)
Dra. Sonmi Lee
Médica rádio-oncologista Hospital de Câncer de Pernambuco