Evolução da Radioterapia

Técnicas de radioterapia

A radioterapia tem evoluído bastante nos últimos anos, com o desenvolvimento de novas técnicas que permitem um tratamento mais preciso e eficaz, reduzindo os danos aos tecidos saudáveis ao redor dos tumores. Aqui estão as principais técnicas de radioterapia externa e a braquiterapia, explicadas de forma clara e acessível.

  1. Radioterapia Convencional (2D)

O planejamento radioterápico convencional, também chamado de 2D, é um método que existe há bastante tempo e ainda é utilizado em alguns casos. Nesse tipo de planejamento, os médicos utilizam imagens simples, como radiografias, para decidir onde a radiação será aplicada no corpo. O objetivo é focar a radiação na área afetada pelo câncer, tentando ao máximo evitar os tecidos saudáveis ao redor.

Apesar de ser um método mais antigo, o planejamento 2D continua a ser uma opção importante, especialmente em lugares onde tecnologias mais avançadas não estão disponíveis. Ele oferece um tratamento eficaz e seguro, que já ajudou muitas pessoas a combaterem o câncer ao longo dos anos. 

  1. Radioterapia Conformacional (3D)

 

A radioterapia conformacional tridimensional (3D) é uma técnica na qual imagens detalhadas do tumor, obtidas por tomografia são usadas para moldar os feixes de radiação de forma a “conformar” ou adaptar a radiação ao formato exato do tumor. A vantagem dessa técnica é que, como o feixe é moldado de acordo com o tumor, menos radiação atinge os tecidos saudáveis ao redor. Esse tipo de radioterapia é muito usado em tumores localizados em áreas complexas, como cabeça, pescoço, mama, próstata e pulmões. 

  1. Radioterapia com Intensidade Modulada (IMRT)

A radioterapia com intensidade modulada (IMRT) é uma técnica avançada que vai além da conformacional. Ela não só adapta o formato do feixe ao tumor, como também permite ajustar a intensidade da radiação em diferentes partes do tumor e dos tecidos ao redor. Isso é feito para dar uma dose mais alta de radiação diretamente ao tumor e uma dose menor nas áreas próximas. A IMRT é usada principalmente em tumores mais complexos, como aqueles na cabeça e pescoço, próstata, sistema nervoso central e tumores pélvicos. A precisão da IMRT reduz os efeitos colaterais, tornando o tratamento mais seguro.

  1. Arcoterapia Volumétrica Modulada (VMAT ou RAPIDARC)

A arcoterapia volumétrica modulada, também conhecida como radioterapia de arco, é uma técnica em que o acelerador linear se move ao redor do paciente em um arco contínuo, ao invés de parar em vários pontos como na IMRT. Durante esse movimento, o aparelho ajusta a forma e a intensidade do feixe de radiação. O grande benefício da VMAT é que ela permite entregar altas doses de radiação de forma rápida e precisa, em menos tempo, o que reduz a duração das sessões de tratamento. Isso é especialmente útil em cânceres como próstata, cabeça e pescoço, e pulmão. 

 

5. Radioterapia Estereotáxica Corporal (SBRT)

A radioterapia estereotáxica corporal (SBRT) é uma técnica extremamente precisa, usada para tratar tumores menores, geralmente em pulmões, fígado ou coluna. Altas doses de radiação são aplicadas em poucas sessões, normalmente entre 1 e 5. A precisão é tão grande que a SBRT pode destruir o tumor sem danificar os tecidos saudáveis ao redor. Para isso, é essencial que o tumor fique muito bem localizado e que o paciente seja imobilizado com precisão durante o tratamento. Essa técnica é ideal para tumores pequenos, que não podem ser tratados com cirurgia ou para casos em que o paciente não pode ser operado.

6. Radiocirurgia Estereotáxica (SRS)

Exemplo de planejamento de Radiocirurgia Estereotáxica para metástase cerebral.

A radiocirurgia estereotáxica (SRS) é semelhante à SBRT, mas é aplicada em tumores do cérebro ou da coluna vertebral. Apesar de ter “cirurgia” no nome, não envolve nenhum corte. Em vez disso, utiliza altas doses de radiação direcionadas de maneira extremamente precisa, normalmente em uma única sessão. É utilizada principalmente para tumores cerebrais pequenos, metástases, malformações vasculares e alguns tipos de lesões benignas. A radiocirurgia pode eliminar o tumor ou impedir seu crescimento com grande eficácia. 

 

7. Braquiterapia

A braquiterapia é uma técnica de radioterapia interna, onde a fonte de radiação é colocada diretamente dentro ou muito próxima ao tumor. Ao contrário da radioterapia externa, aonde os raios vêm de fora do corpo, na braquiterapia a radiação é emitida a partir de pequenas sementes ou cápsulas colocadas no interior do corpo, na região do tumor. A vantagem dessa técnica é que a radiação afeta diretamente o tumor, enquanto os tecidos saudáveis ao redor recebem uma dose muito menor.

Existem dois tipos principais de braquiterapia:

– Braquiterapia de Baixa Taxa (LDR): As fontes de radiação são colocadas no corpo e permanecem lá por um período prolongado, podendo ser dias ou semanas. É frequentemente usada em câncer de próstata.

Braquiterapia de Alta Taxa (HDR): Nesse caso, as fontes de radiação são colocadas no corpo apenas temporariamente, durante sessões de tratamento que duram minutos. A HDR é usada para tratar vários tipos de câncer, como de colo do útero, próstata e mama.

A braquiterapia é vantajosa porque permite administrar uma alta dose de radiação diretamente no tumor, com menor impacto sobre os tecidos normais, sendo especialmente eficaz para tumores localizados e bem definidos.

Conclusão

As técnicas modernas de radioterapia permitem tratar o câncer de maneira cada vez mais precisa e personalizada. Dependendo do tipo, tamanho e localização do tumor, o médico pode recomendar uma dessas técnicas para garantir que a radiação atinja o alvo com eficácia, enquanto minimiza os efeitos colaterais e protege o máximo possível dos tecidos saudáveis. A escolha da técnica será feita pela equipe médica, levando em conta as características individuais de cada paciente e seu tumor.