O fracionamento em radioterapia refere-se à forma como as doses de radiação são divididas ao longo do tratamento. Tradicionalmente, a radiação não é administrada de uma só vez, mas é fracionada em várias sessões diárias, permitindo que o corpo se recupere entre uma dose e outra e reduzindo os efeitos colaterais nos tecidos saudáveis. Dependendo do caso, existem diferentes tipos de fracionamento. Vamos explorar esses tipos:
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Fracionamento Convencional
O fracionamento convencional é o tipo mais comum de radioterapia. Neste método, a dose total de radiação é dividida em pequenas doses diárias chamadas “frações”, normalmente administradas uma vez ao dia, cinco dias por semana, por um período que pode variar de cinco a oito semanas. A dose diária costuma ser de 1,8 a 2,0 Gy (gray) por fração.
– Vantagem: Permite que os tecidos normais se recuperem entre as sessões, reduzindo a toxicidade.
– Aplicação: Usado em diversos tipos de câncer, como mama, cabeça e pescoço, próstata e pulmão.
O fracionamento convencional é eficaz para tumores que precisam de um tempo mais longo de tratamento e que se beneficiam de doses diárias menores e mais seguras.
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Hipofracionamento Moderado
O hipofracionamento moderado envolve a administração de doses diárias maiores do que no fracionamento convencional, com redução no número total de sessões. Cada fração pode variar entre 2,5 e 4,0 Gy, e o tratamento geralmente é concluído em menos tempo (semanas em vez de meses).
– Vantagem: Permite reduzir a duração total do tratamento sem comprometer a eficácia, mantendo a segurança para os tecidos saudáveis.
– Aplicação: Muito utilizado no tratamento de câncer de mama, próstata e pulmão.
O hipofracionamento moderado é uma abordagem que tem ganhado popularidade, especialmente porque oferece resultados semelhantes ao fracionamento convencional, com maior conveniência para os pacientes, que precisam ir menos vezes ao serviço receber o tratamento.
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Hipofracionamento Extremo
O hipofracionamento extremo, também chamado de radioterapia estereotáxica, é quando se utilizam doses muito elevadas por fração, geralmente superiores a 5,0 Gy, em poucas sessões, frequentemente entre 1 e 5 frações. A radiocirurgia estereotáxica (SRS) para tumores cerebrais e a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT) para tumores de pulmão ou fígado, são exemplos de hipofracionamento extremo.
– Vantagem: Tratamento extremamente rápido e eficaz, com potencial para destruir tumores pequenos em pouquíssimas sessões.
– Aplicação: Usado principalmente em tumores pequenos, como metástases cerebrais, tumores pulmonares ou hepáticos inoperáveis, e em pacientes que não podem se submeter à cirurgia.
O hipofracionamento extremo requer alta precisão, por isso é essencial o uso de técnicas avançadas de imagem e imobilização para garantir que a radiação seja direcionada exatamente ao tumor.
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Hiperfracionamento
O hiperfracionamento é o oposto do hipofracionamento. Aqui, o tratamento envolve dividir a dose total em frações menores que as do fracionamento convencional (menos de 2,0 Gy por fração), mas com mais sessões diárias. Normalmente, os pacientes recebem duas frações de radiação por dia, com intervalos de 6 a 8 horas entre elas.
– Vantagem: O hiperfracionamento pode ser benéfico para alguns tumores que se regeneram rapidamente, como cânceres de cabeça e pescoço, permitindo administrar uma dose total maior sem aumentar os efeitos colaterais graves.
– Aplicação: Utilizado em situações específicas, como tumores mais agressivos que podem precisar de uma dose maior de radiação para serem controlados.
O hiperfracionamento pode ser um tratamento mais longo e exigir mais visitas ao centro de radioterapia, mas é uma estratégia útil para aumentar a eficácia do tratamento em alguns casos.
Resumo
Esses diferentes tipos de fracionamento permitem que os médicos ajustem o tratamento de acordo com as necessidades do paciente e as características do tumor. Em geral:
– Fracionamento Convencional: Doses menores por mais tempo, permitindo recuperação dos tecidos normais.
– Hipofracionamento Moderado: Doses moderadas, com menos sessões e tratamento mais curto.
– Hipofracionamento Extremo: Doses muito altas em poucas sessões, ideal para tumores pequenos e bem localizados.
– Hiperfracionamento: Doses menores administradas mais vezes ao dia, usado para tumores mais agressivos.
Cada abordagem tem suas indicações, e a escolha do tipo de fracionamento depende de fatores como o tipo de câncer, seu estágio, a localização e as características do paciente. O objetivo é sempre maximizar a eficácia do tratamento, minimizando os efeitos colaterais.