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Estudo fase III multicêntrico, randomizado de radioterapia de curso curto mais quimioterapia versus radioquimioterapia de curso longo em neoplasia de reto localmente avançado (STELLAR)

Artigo publicado em março/2022 na revista JCO agrega evidências sobre o papel do tratamento neoadjuvante total (TNT) no câncer retal locorregionalmente avançado (CRLA). O ensaio clínico randomizado STELLAR, conduzido em 16 centros chineses, comparou 2 propostas de neoadjuvância em pacientes com câncer de reto do terço médio ou inferior, cT3-4 e/ou N+, estadiados localmente por RNM.

A comparação foi entre RT de curta duração (5 x 5Gy) seguida de 4 ciclos de CAPOX (proposta TNT) versus RQT convencional (25 x 2Gy) associado a capecitabina por 5 semanas. Ambos grupos com IMRT. Cirurgia com TME era recomendada de 6-8 semanas após fim da neoadjuvância. QT adjuvante com CAPOX era permitida – 2 ciclos no grupo TNT e 6 ciclos no grupo RQT. Estudo de não inferioridade com objetivo primário de sobrevida livre de doença (SLD).

Arrolados 599 pacientes, 302 (TNT) e 297 (RQT). A taxa de SLD em 3 anos foi de 64,5% no grupo TNT versus 62,3% no grupo QRT, confirmando a hipótese de não inferioridade. As taxas de resposta patológica completa e resposta clínica completa sustentada no TNT foi de 21,8% versus 12,3% (p<0,001).

Sobrevida global em 3 anos foi de 86,5% no grupo TNT versus 75,1% no grupo RQT (p=0,033). Toxicidade aguda Graus 3-4 foi de 26,5% no grupo TNT, comparado com 12,6% no grupo RQT, diferença basicamente por toxicidade hematológica.
O estudo conclui que a proposta TNT (neoadjuvância com RT curta duração seguida de QT isolada), apesar de maior toxicidade hematológica, é uma opção aos pacientes com CRLA.

Dr. Arthur Bom Queiroz
Radio-oncologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
@arthurbomqueiroz

ECR

RT 2030