A radioterapia torácica (TRT) e a irradiação profilática do crânio (PCI) são comumente usadas no manejo da doença pulmonar de pequenas células – doença extensa (ES-SCLC). Dada a alta carga mutacional tumoral associada ao ES-SCLC e a presença de síndromes paraneoplásicas autoimunes, foi levantada a hipótese de que a imunoterapia também pode ser benéfica no cenário de primeira linha. O estudo IMpower133 de fase III mostrou que a adição de atezolizumabe concomitante e de manutenção associado à quimioterapia (QT) resultou em ganho de OS e PFS do que QT isolada. Outro trial de fase III, CASPIAN, evidenciou que durvalumabe concomitante e de manutenção junto à QT resultou em ganho de OS. Em nenhum desses estudos foi permitido a TRT.
As recomendações deste consenso fornecem orientações práticas sobre o uso apropriado de RT e imunoterapia em ES-SCLC enquanto aguardam-se novos dados de ensaios clínicos.
- QUESTÃO 1: Quais pacientes com ES-SCLC devem ser encaminhados ao radio—oncologista para avaliar consolidação de TRT?
R: Todos os pacientes com resposta a quimioimunoterapia, bom PS e metástases limitadas.
- QUESTÃO 2: Qual é o fracionamento de dose adequado para consolidação do TRT?
R: 30 Gy em 10 frações. O grupo sugeriu também, 20 Gy em 5 frações para controle dos sintomas.
- QUESTÃO 3: Qual é o momento ideal de consolidação de TRT durante a imunoterapia?
R: Embora os atuais estudos randomizados de Fase III não tenham incluído TRT, imunoterapia concomitante a TRT e imunoterapia de manutenção pode ser iniciada se considerada adequada em discussões em grupo.
- QUESTÃO 4: Quais pacientes com ES-SCLC devem ser encaminhados ao radio-oncologista para PCI ou RNM de vigilância?
R: Todos os pacientes que respondem a quimioimunoterapia devem passar por reestadiamento com RNM de crânio para orientar a tomada de decisão.
- QUESTÃO 5: Qual é o momento recomendado para a RNM de vigilância?
R: Deve ser realizada por 2 anos após a resposta à quimioimunoterapia, sendo: a cada 3 meses no 1º ano e a cada 6 meses no 2º ano.
- QUESTÃO 6: Qual é o fracionamento de dose adequado para PCI?
R: 25 Gy em 10 frações
- QUESTÃO 7: Qual é o momento ideal da PCI durante imunoterapia?
R: Concomitante
- QUESTÃO 8: Qual é o momento ideal de TRT + PCI entre os pacientes que recebem imunoterapia?
R: Tratamento concomitante com TRT, PCI e a imunoterapia é apropriada.
O artigo pode ser acessado no link: DOI: https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2023.03.002
Dra. Anne Karina Kiister Leon
Médica Radio-oncologista
Hospital Santa Rita de Cássia – HSRC
Instituto Radioterapia Vitória – IRV
Núcleo especializado em Oncologia – NEON