Clube de Revista Próstata

Toxicidade aguda em pacientes com câncer de próstata de alto risco tratados com SBRT de próstata e linfonodos pélvicos

A SBRT tem sido utilizada para tumores de próstata, mas a inclusão de drenagem pélvica com essa técnica ainda é pouco explorada. Entre maio de 2019 e julho de 2022, foi realizada uma análise retrospectiva com pacientes de câncer de próstata de alto risco tratados com SBRT na próstata e drenagem pélvica no McGill University Health Centre. Utilizou-se IMRT/VMAT com IGRT diária, aplicando margens de 6 a 7 mm na pelve e 5 mm na próstata (margem posterior de 3 a 5 mm). As doses foram de 36,25 Gy em cinco frações para a próstata e 25 Gy para a pelve, com boost integrado. No planejamento, foram utilizados o uretrograma, preparo vesical e retal e RM de simulação, realizada imediatamente e integrada com a tomografia. Além disso, os pacientes receberam agonista de LHRH, iniciado de 2 a 3 meses antes da radioterapia, com duração de 6 a 18 meses.

Dos 188 pacientes, 80 receberam SBRT para a próstata e linfonodos pélvicos, e 108 apenas na próstata. No grupo tratado só na próstata, o volume alvo médio foi de 90 cm³ (de 39 a 204 cm³), enquanto no grupo incluindo linfonodos, o volume alvo médio foi de 81 cm³ (de 47 a 166 cm³). As toxicidades gastrointestinal (GI) e geniturinária (GU) foram avaliadas segundo o CTCAEv5.Toxicidade GI aguda grau 2 foi observada em 4% dos pacientes de ambos os grupos, e toxicidade GU aguda grau 2 em 27% no grupo tratado só na próstata e 20% no grupo com drenagem pélvica, sem casos de toxicidade grau 3 ou superior.

Os resultados indicam que a SBRT em cinco frações para próstata e linfonodos pélvicos é viável e segura quanto a toxicidades GI e GU agudas, corroborando os estudos PACE-B e SPORT. Embora a literatura ainda apresente divergências, o trial NRG GU 009, que está em fase de recrutamento, incorpora esse fracionamento em um de seus braços, indicando que o uso da SBRT na drenagem pélvica já é considerado uma prática válida na América do Norte.

Esses dados são valiosos para decisões clínicas e para a estratificação de pacientes em futuros ensaios clínicos, destacando a necessidade de estudos prospectivos para confirmar a eficácia e segurança da abordagem e promover sua adoção mais ampla.


Link de acesso – https://doi.org/10.1016/j.canrad.2023.07.014

Letícia Lamas Peixoto
Médica Radio-oncologista
Hospital Marcio Cunha – FSFX
@leticialamas

ECR

RT 2030