Clube de Revista Metástases cerebrais

Radioterapia estariotática vs crânio total em pacientes com NSCLC e mutação do EGFR: resultados e reflexões do estudo fase 3 prematuramente encerrado hybrid trial

As duas principais modalidades  de Radioterapia(RT) para o Sistema Nervoso Central, Radiocirugia/Radioterapia Esterotatica Fracionada (SFRT) ou RT de todo o encéfalo(WBRT) não foram comparadas no cenário de tumores de pulmão com mutação do gene EGFR e M1 em SNC.

Esse estudo unicêntrico chinês reuniu pacientes desta população, virgens de tratamento, e com até 05 lesões em SNC para WBRT(37.5Gy/15fx) ou SFRT(25-40Gy/05fx), junto a um Inibidor de Tirosina-Kinase(TKI) de 1º geração (Gefitinibe, Erlotinibe ou Icotinibe).

End-poit primário foi sobrevida livre de recaída intracerebral(iPFS) em 18 meses. Secundários, redução da cognição com a ferramenta Mini Mental (MMSE) e Sobrevida Global(OS).

85 pacientes foram randomizados. 41 no braço WBRT e 44 no braço SFRT. Em 18 meses, iPFS 91.7% com WBRT e 91.1% SFRT. iPFS mediano 21.4 meses vs 22.3, respectivamente (p=0.804). Maior declínio neurológico em WBRT (p<0.001). Melhor OS em SFRT(p=0.018).

Esse estudo é o único conhecido comparando WBRT e SFRT em pacientes com EGFR mutado. Porém alguns pontos merecem destaque:

  • Pacientes submetidos a SFRT apresentaram controle intracerebral semelhante à WBRT. Isso resulta da biologia única da mutação EGFR que permite opções de tratamento com considerável penetrância em SNC, como TKI de 1º geração.
  • OS maior comparado a outras histologias ou outros estudos com mesma população. Devido ao maior controle intracerebral com TKI comparado a Quimioterapia (QT), assim como associação de RT ao TKI (Osimertinibe isolado apresenta iPFS mediana de 12 meses). Além disso, o resgate com Osimertinibe, com evidente atividade intracerebral, reflete em melhor sobrevida global neste estudo.
  • O declínio com WBRT semelhantes a outros trials quando analisado o subgrupo que realizou QT pós-WBRT. Esse resultado sugere que preservação de hipocampo e uso de Memantina, não utilizados, parecem ser mais importantes quando há possibilidade do uso de Quimioterapia em algum momento após WBRT. O uso de WBRT clássico foi o motivo de 83% dos pacientes elegíveis declinarem da randomização já que durante o pedido de abertura do estudo surgiram outros trials com melhores técnicas de RT, assim como melhores resultados com gerações mais recentes de TKI.

Tharcisio Machado Coelho

Medico Radioterapia Oncoclinicas RJ

Coordenador Médico Radioterapia Hospital Marcos Moraes

ECR

RT 2030