Clube de Revista Sarcoma

Radioterapia Corporal Parcialmente Ablativa (PARB): Uma nova abordagem para Radioterapia Paliativa de sarcomas volumosos localmente avançados e irressecáveis

Os sarcomas de partes moles e tecidos ósseos são um desafio ao tratamento radioterápico. O papel da radioterapia ficou, por muito tempo, restrito à adjuvância ou à paliação, sem grandes controles locais ou alívio sintomático.

Com o avanço da tecnologia, novas técnicas tem sido estudas, entre elas a Radioterapia Corporal Parcialmente Ablativa (PABRT), termo usado para descrever uma abordagem que envolve a administração de altas doses de radiação nas regiões centrais dos tumores, poupando os tecidos saudáveis ​​circunjacentes. O objetivo da PABRT no tratamento dos sarcomas é alcançar um controle local eficaz e potencialmente melhorar os resultados, ao mesmo tempo em que minimiza os efeitos relacionados ao tratamento.

Este artigo aborda a experiência do grupo australiano de Melbourne, descrevendo o uso da técnica em 18 pacientes tratados entre jan/20 a out/23, em uma análise retrospectiva.  Os desfechos primários foram taxas de resposta sintomática e estrutural; os secundários foram sobrevida global, ausência de progressão local, ausência de progressão à distância e taxas de toxicidade aguda e tardia.

Entre os 18 pacientes, todos tinham tumores > 5 cm (média de volume = 985 cc). A dose mais comumente utilizada foi 20 Gy em 5 frações na regão periférica da lesão, com BOOST central de 50 Gy.  Na descrição do contorno, a partir do GTV, uma margem interna de 1,5 cm receberia a dose mais baixa e a partir dela um PTV. Na região central era entregue o BOOST concomitante com dose mais alta. O tratamento foi realizado 2x por semana. No seguimento mediano de 11 meses, 88,9% dos pacientes exibiram resposta parcial, com diminuição mediana de volume de quase 50%, todos com alívios de sintomas e sem toxicidades ≥ G3.

Assim como a PABRT, o esquema de LATTICE tem se mostrado importante nos casos paliativos e/ou irressecáveis. Com o avanço da tecnologia, novas abordagens nos permitem entregar as doses elevadas necessárias a estas histologias de forma segura e eficaz, reforçando que existe sim um papel muito importante da RT no manejo dessas lesões.

DOI: 10.1016/j.radonc.2024.110185

Dra. Denise Ferreira Silva Alves

Médica radio-oncologista do Centro VITTA e do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre/RS

ECR

RT 2030