Clube de Revista Oligometástases

SBRT dirigida à metástase em combinação com terapia alvo ou imunoterapia: revisão sistemática e recomendações do EORTC-ESTRO OligoCare consortium

Atualmente, a radioterapia corporal estereotáxica (SBRT) tem sido cada vez mais indicada no tratamento de pacientes com metástases ou câncer oligometastático. Somada a essa prática, há o uso crescente de drogas-alvos e imunoterapias, porém com escassas informações sobre as suas combinações, bem como a segurança e toxicidades aos pacientes.

Dessa forma, uma revisão sistemática foi realizada para identificar os perfis de toxicidade de SBRT para lesões metastáticas em associação às terapias alvos ou imunoterapias. Estes dados serviram de base para a elaboração de um consenso utilizando o método Delphi, incluindo 28 experts (26 rádio-oncologistas e 2 oncologistas clínicos) membros do OligoCare consortium. Buscou-se um consenso sobre estratégias para atenuar os riscos do tratamento de SBRT em associação às terapias alvos e imunoterapias, bem como sobre a potencial necessidade de adaptar a dose e o fracionamento de radioterapia ou ainda interromper terapias-alvo ou imunoterapias.

Foram analisados 108 artigos que reuniram dados de 2675 pacientes. Os locais mais frequentemente tratados com SBRT por metástases foram tórax (38%), abdômen (25%) e ossos (23%). A maior evidência sobre a toxicidade entre SBRT, terapias alvo e imunoterapia foram com os inibidores de checkpoint (43%), seguido por inibidores multiquinase (23%) e inibidores de EGFR (19%). No geral, toxicidade grau 3 foi observada em (21%) dos pacientes, grau 4 em 1% e grau 5 também em 1%. A maioria dos eventos adversos foram atribuídos a terapia alvo ou imunoterapia, com toxicidade localizada fora do campo de radiação ou do órgão tratado com SBRT. Cerca de 7% dos eventos adversos foram relacionados a SBRT. A toxicidade induzida por SBRT foi mais frequente observada em combinação com ipilimumabe no tórax (17 de 145 pacientes) e abdômen (9 de 86), nivolumabe-ipilimumabe no tórax (26% de 38), inibidores de multiquinase (39 de 175) e bevacizumabe (4 de 38) na região abdominal e cetuximabe na região cervical (36 de 235 pacientes). O risco de toxicidade grave no campo de tratamento foi categorizado a partir de toxicidades de grau 3–5. De 0–10% foi definida como de baixo risco, 11-20% como risco intermediário e acima de 20% como alto risco. O consenso foi alcançado quando a concordância foi > 75% entre os experts.

O estudo explora a interação de SBRT com inúmeras terapias-alvo e imunoterapias, e traz de forma gráfica o tempo preferencial de intervalo entre a administração de SBRT e a entrega das medicações, ou ainda se as mesmas deveriam ser interrompidas por 1 ou 2 ciclos antes e após a SBRT ou se o uso pode ser ininterrupto.

Os resultados desta revisão sistemática e deste consenso compilam a melhor evidência disponível na segurança da combinação de SBRT com terapias-alvo ou imunoterapias, em pacientes com metástases ou câncer oligometastático, visando orientar a prática clínica atual e o desenho de futuros ensaios clínicos.

O artigo pode ser acessado no link: Lancet Oncol 2023 Mar;24(3):e121-e132
DOI: 10.1016/S1470-2045(22)00752-5

Dra. Tatiana Taba Fuzisaki Nakandakare
Médica radio-oncologista
Radioterapia – Hospital Unimed Bauru

ECR

RT 2030