Com o advento de novas técnicas em radioterapia está sendo cada vez mais frequente a irradiação de áreas previamente irradiadas inclusive com doses altas.  As evidências no âmbito da reirradiação são escassas sendo a maioria delas baseadas em estudos retrospectivos e opinião de especialistas.

Os especialistas do EORTC/ESTRO acabam de publicar na Lancet um consenso que propõe uma “linguagem universal” e uma sistematização na prática da reirradiação.

Inicialmente eles propuseram a descrição sistematizada no cenário da reirradiação sendo possível quatro possibilidades:

  • Reirradiação tipo 1 na qual há sobreposição dos volumes irradiados
  • Reirradiação tipo 2 na qual não há sobreposição dos volumes irradiados, mas há preocupação com o cumulativo de doses
  • Repetição de órgão irradiado no qual apesar da nova irradiação ser proposta no mesmo órgão não há sobreposição de volumes irradiados nem preocupação com doses cumulativas
  • Repetição da irradiação na qual o novo alvo é em órgão diferente

Posteriormente expuseram 22 pontos em uma tabela descritiva que norteiam a prática da reirradiação.

Abaixo alguns expemplos:

  • o rádio-oncologista deve fazer seguimento apropriado com exame físico e de imagens a cada 3 a 4 meses no primeiro ano e depois anualmente após a reirradiação
  • EQD2/BED deve ser regularmente calculado e reportado
  • se o plano primário estiver disponível eletronicamente ele deve ser obrigatoriamente avaliado nas suas distribuições de dose com o atual
  • intenções ablativas não devem ser realizadas em caso de progressão clínica ou expectativa de vida for inferior a 6 meses
  • uma abordagem multidisciplinar deve estar presente e bem documentada para avaliação de outras possibilidades terapêuticas que não a reirradiação

Com uma leitura fluida o artigo contribui bastante como um guia prático nos casos de reirradiação que se mostram cada vez mais frequentes na nossa prática clínica.

 

Dra. Ana Paula Fonseca
Médica Rádio-oncologista no Instituto Orizonti, BH-MG.

 

 

 

 

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