Sabe-se que fatores relacionados à radioterapia (RT) podem afetar os resultados da cirurgia de reconstrução mamária após mastectomia. O hipofracionamento tem se tornado gradualmente o padrão de tratamento, substituindo a RT convencional após a publicação de estudos como START A e B, trabalhos canadenses e outros. Entretanto, dos estudos publicados que investigaram a segurança do hipofracionamento após reconstrução mamária, nenhum guideline entrou em consenso indicando qual fracionamento seria o mais adequado nesses casos.
Esta análise retrospectiva incluiu 396 pacientes que foram submetidas a mastectomia seguida por reconstrução mamária e radioterapia entre 2009 e 2018. Todas as pacientes receberam radioterapia pós mastectomia (PMRT) em esquema hipofracionado ou convencional. A maior complicação foi definida como toxicidade mamária que necessitou de nova cirurgia ou hospitalização após a radioterapia. Do total, 267 pacientes receberam reconstrução imediata e 129 receberam reconstrução tardia. Nas pacientes com reconstrução imediata, 91 foram tratadas com RT convencional e 176 com hipofracionamento. O hipofracionamento não aumenta risco de infecção, deiscência de ferida operatória e, além disso, a chance de contratura de prótese foi menor. Nas pacientes que fizeram reconstrução tardia, 48 receberam RT convencional e 81 hipofracionada. Não houve diferença nas complicações de cada grupo. Um intervalo de tempo de mais de 10 meses entre a radioterapia e a reconstrução final resultou em menor incidência de complicações maiores.
Os autores concluem que o hipofracionamento aparenta ser comparável ao fracionamento convencional em termos de complicações relacionadas à reconstrução mamária após mastectomia, independentemente do tipo de reconstrução. Estudos prospectivos em andamento devem confirmar esses achados.
Dra. Paula de Cassia Soares
Radioterapeuta
CEONC- Cascavel PR
