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Atualização do Estudo Cross: 10 anos de Seguimento

O ensaio CROSS foi um ensaio multicêntrico que randomizou pacientes com Carcinoma de Células Escamosas ou Adenocarcinoma de Esôfago ou de JEG, cT1N1M0 ou cT2-3N0-1M0. Os pacientes elegíveis foram aleatoriamente designados para receberam carboplatina e paclitaxel concomitante a radioterapia (41,4Gy/23Fx) seguida por cirurgia (braço experimental, QRT neoadjuvante) ou apenas cirurgia (braço controle). Entre março de 2004 e dezembro de 2008, 368 pacientes foram incluídos no estudo. As primeiras publicações do estudo demonstraram que o esquema neoadjuvante apresentava melhores desfechos oncológicos quando comparado ao  tratamento cirúrgico isolado. Desde então, esse esquema tem sido amplamente adotado no tratamento para câncer localmente avançado e ressecável de esôfago e de junção esofagogástrica (JEG).
Esse estudo foi atualizado com mais de 12 anos de seguimento. O objetivo foi determinar se o benefício de sobrevida global (SG) com o tratamento neoadjuvante persistia por mais de 5 anos.

O acompanhamento médio para pacientes sobreviventes foi de 147 meses. A SG em 10 anos foi de 38% x 25% favorecendo o tratamento neoadjuvante (HR = 0,70; IC de 95%, 0,55 a 0,89; P= 0,004). Os pacientes no braço experimental eram menos propensos a morrerem de câncer de esôfago (risco absoluto de 47% x 64%, HR = 0,60; IC de 95%, 0,46 a 0,80). No braço de tratamento neoadjuvante, 8% dos pacientes apresentaram recidiva locorregional isolada, em comparação com 18% dos pacientes no braço cirurgia (HR = 0,39; IC de 95%, 0,21 a 0,72). A recidiva sincrônica locorregional e a distância desenvolveu em 13% dos pacientes no braço experimental e em 22% dos pacientes no braço controle (HR = 0,43; IC de 95%, 0,26 a 0,72). A recidiva a distância isolada ocorreu em 27%  dos pacientes da neoadjuvância e em 28% dos pacientes grupo da cirurgia isolada, sem diferença entre os grupos (HR = 0,76; IC de 95%, 0,52 a 1,13).

Portanto, no presente estudo, o benefício em SG favoreceu os pacientes tratados com quimiorradioterapia neoadjuvante após mais de 10 anos de acompanhamento. O Tratamento neoadjuvante diminuiu o risco de morte por câncer de esôfago sem aumentar o risco de morte por outras causas. No longo prazo, a QRT neoadjuvante resultou em menos recidiva locorregional isolada e recidiva sincrônica (locorregional e distante), mas não em recidiva distante isolada. Esses resultados em 10 anos indicam que o tratamento neoadjuvante de acordo com o CROSS deve ser considerada no tratamento para câncer de esôfago avançado e ressecável

Dr. Daniel F. S. Fantini
Radio-Oncologista
CORB Radioterapia Blumenau-SC

ECR

RT 2030