Glioma difuso intrínseco da ponte (DIPG) corresponde a cerca de 80% de todos os tumores de tronco cerebral pediátricos. Radioterapia (RT) exclusiva é o tratamento padrão uma vez que as lesões são geralmente irressecáveis e drogas falharam em mostrar benefícios.
Este estudo randomizado avaliou a não inferioridade de 2 esquemas de hipofracionamento: 39 Gy/13 fr (HF1) e 45Gy/15 fr (HF2) comparados com fracionamento convencional de 54 Gy/30 fr (CF).
Foram avaliados 253 pacientes entre 2-18 anos com tumor afetando ≥50% da ponte na RM com ou sem extensão ao mesencéfalo, medula oblonga e/ou cerebelo; presença de 2 dos 3 sinais (paralisia de nervos cranianos, disfunção do trato piramidal ou desequilíbrio); < 3 meses de evolução; Escala Lansky ≥50% salvo envolvimento direto da doença e sem história de quimioterapia ou RT cerebral.
A média de sobrevida global (SG) para HF1, HF2, e CF foi de 9.6 meses, 8.2 meses, e 8.7 meses, respectivamente (p 0.27). O Δ CI foi menor que 15% entre os braços, confirmando a não inferioridade de SG em 18 meses. A sobrevida livre de progressão (SLP) entre os 3 braços também mostrou um Δ CI menor que o limite (2,29%) confirmando a não inferioridade e não mostrou diferença significante (p 0.2).
Pacientes com 2-5 anos tiveram melhor SG em toda coorte (11.6 meses), HF1 (13.5), e CF (12.1) mas não com HF2 (6.2) (p 0.003). Além disso a SG em 1, 1.5 e 2 anos para crianças de 2 a 5 anos no braço HF2 foi menor. Os efeitos colaterais agudos e tardios foram semelhantes nos 3 braços.
Este trabalho conclui que os dois esquemas de hipofracionamento mostraram-se não inferiores ao fracionamento convencional. Idade de 2-5 anos foi o único fator prognóstico determinante de SG e SLP. Os melhores desfechos em crianças de 2-5 anos foram perdidos quando usado fracionamento de 45 Gy/15 fr.
Disponível em: https://www.redjournal.org/article/S0360-3016(22)00146-8/pdf
Dauler de Souza
Médico radio-oncologista
Hospital de Cirurgia/Oncoradium Aracaju
Hospital Governador João Alves Filho