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Hipofracionamento é tema da primeira mesa redonda do XX Congresso da SBRT

Técnica que diminui o período de tratamento, preservando resultados terapêuticos, segundo os palestrantes, caminha para ser o padrão ouro, mas ainda precisa vencer desafios para se consolidar

Sala lotada nos dois primeiros módulos hoje, 15 de agosto, do XX Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), realizado em Belo Horizonte (MG). Na plateia, médicos e profissionais de saúde interessados em um dos principais temas discutidos no setor atualmente: o hipofracionamento.

Hipofracionar é utilizar de forma segura e eficiente menos aplicações com frações mais altas de radiação por sessão comparada ao método convencional. Com isso, o tratamento é mais rápido e ainda preserva os resultados terapêuticos. No caso de câncer de próstata, por exemplo, em que a técnica está mais consolidada, é possível diminuir o período de tratamento em cerca de 50%. Na prática, significa que ao invés das 40 sessões de tratamento, o paciente poderá ser submetido a 20 (hipofracionamento moderado) ou até a cinco sessões (hipofracionamento extremo), o que resulta em uma redução de oito vezes.
A radioterapia, ao lado da cirurgia e da terapia sistêmica, faz parte do tripé do tratamento oncológico. É uma modalidade que, com a incorporação de novas tecnologias que permitem determinar com precisão o local do tumor e a quantidade da dose de radiação, evoluiu muito nas últimas décadas. Entre as tecnologias que permitiram esse avanço estão recursos de imagem como tomografia, PET-CT, ultrassonografia e ressonância magnética.

Os diversos estudos apresentados pelos palestrantes revelam que o hipofracionamento é uma técnica que caminha rumo à consolidação como tratamento padrão-ouro em muitos casos de pacientes com câncer. No entanto, para isso se tornar realidade, também precisa vencer alguns desafios, entre eles, em países como o Brasil, a necessidade de investir na tecnologia necessária para que seja aplicada de forma eficiente e segura para o paciente.

As tecnologias IGRT (Image-Guided Radiation Therapy) e IMRT (Intensity-Modulated Radiation Therapy) são fundamentais para o hipofracionamento, o que faz com que a técnica seja realidade em poucos centros de referência no país e disponível para um número limitado de pacientes, uma vez que não conta com a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).

Paralelamente a questões sócio-econômicas de países como o Brasil, os estudos vão avançando em parceria com a prática clínica, que geram informações cada vez mais animadoras sobre o hipofracionamento na avaliação de palestrantes e participantes do evento. Há muitos aspectos sendo estudados em relação a técnica, como as interações de esquemas hipofracionados e terapia sistêmica, com destaque para a imunoterapia, e a taxa de toxicidade tardia que tem sido apontada em algumas pesquisas.

O XX Congresso da SBRT vai até 18 de agosto e ao longo da programação também serão discutidas aplicações do hipofracionamento em tratamentos de câncer de bexiga, mama, pulmão, glioblastoma, reto, melanoma, sarcomas departes moles, dentre outros.

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RT 2030